Com o apoio do Itaú, a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) desde 2018 realiza a Pesquisa Anual de Comércio Varejista de Bicicletas, buscando mostrar tendências, mudanças e perspectivas para as lojas de bikes de todo o país.
São anos de pesquisa da Aliança Bike que consolidam uma série histórica robusta o suficiente para análise da saúde do mercado de bicicleta no país, e fundamental para a tomada de decisão dos amantes e empreendedores da bike.
Vale ressaltar que, por conta da pandemia de 2019, desde a edição de 2020 a pesquisa é realizada de forma online através de questionário enviado diretamente aos lojistas.
E neste ano de 2022 houve uma amostra importante com respostas de 320 lojistas de todo o país e um número de downloads recorde, reforçando o interesse do mercado lojista por esses dados que direcionam a tomada de decisão para o futuro.
Realizada no período de 19 de outubro a 23 de novembro de 2022, a pesquisa da Aliança Bike ampliou sua representatividade com a participação maior de lojistas do norte e nordeste, corroborando a importância do sudeste para esse mercado.
Vamos conferir alguns pontos e conclusões mais interessantes sobre ela?
Como é uma loja de bikes no Brasil?
De modo geral, são lojas com um tempo de funcionamento grande de cerca de 10 anos, vinculadas à atividade econômica de comércio varejista, peças e acessórios, com a venda de bicicletas inteiras respondendo por 39% do faturamento.
Tanto que a faixa média de preço de venda de bicicletas gira em torno de R$ 500 a R$ 2 mil, ressaltando que há lojas que vendem bicicletas novas e outras dedicadas ao comércio de bikes usadas.
- Faturamento anual entre R$ 50 e 100 mil.
- Com 4 funcionários em média.
- Entre 1 e 50 bikes vendidas no ano.
Serviços de mecânica e a venda de componentes e acessórios têm maior participação média no faturamento das lojas.
Contudo, refletindo uma tendência da própria economia nacional e do consumo das famílias, o serviço da mecânica aumentou sua participação pulando para o segundo lugar em 2022 na participação do faturamento, na comparação ao quarto lugar na pesquisa de 2020.
E nesse ponto do faturamento, é fundamental observar a questão do e-commerce.
Tendência no mercado, a pesquisa da Aliança Bike concluiu que 52% das lojas também fazem uso dessa ferramenta para aumentar as vendas e ampliar o contato com o cliente.
O marketplace como tendência no comércio
Fator que se acelerou sobretudo com a pandemia, o e-commerce mantém uma curva ascendente com média de 3% ao ano.
A pesquisa da Aliança Bike concluiu que quanto maior o faturamento da loja, maior é a proporção de lojas que atuam com essa ferramenta, com destaque para a Semexe, plataforma especializada no setor de bicicletas com 17% das menções, quase um quinto da amostra pesquisada.
No entanto, é importante saber separar o e-commerce da loja física, entendendo que são negócios diferentes, porém, complementares na atuação de uma loja.
Em que além da venda, é necessário também que o lojista compreenda que um portfólio amplo de atuação auxilia no reconhecimento da marca.
Essa atuação precisa ir além da venda direta de bikes, mas também para a oferta de serviços como manutenção e de apoio aos grupos de pedal, ajudando a divulgar e organizar eventos entendendo a loja como um pólo centralizador com o público apaixonado pela bike.
Mountain Bike dominando
A Mountain Bike (com 87%) ainda é o modelo que tem maior participação nas vendas e no faturamento da maior parte das lojas, com as bikes elétricas (com 50%) ganhando cada vez mais destaque pelo valor agregado que possuem.
E nesse ponto, a pesquisa da Aliança Bike concluiu que quanto maior a faixa de faturamento, maior é a proporção das lojas que oferecem um maior portfólio de modelos de bicicletas.
A importância de políticas públicas a favor da bike
Naturalmente a diminuição da carga tributária é o fator número um de discussão entre os lojistas, afinal, isso impacta diretamente no acesso à bike. Contudo, de 2021 para 2022 houve uma forte queda de 85% para 47%.
Mas por quê?
Em virtude da pandemia, houve uma leve diminuição da carga tributária, ajudando muitas lojas a simplesmente não fecharem ou diminuírem sua atuação. Mas também tivemos um aumento do uso da bike pela sociedade impulsionando esse mercado.
Seja por questões sanitárias durante a pandemia, seja por questões de transporte além do lazer incentivados por questões financeiras no pós-pandemia.
Portanto, baseado nesses anos de pandemia, um dado interessante que a pesquisa da Aliança Bike observou, é que o aumento de políticas públicas em favor da bike vêm aumentando fortemente na percepção do lojista de todo o Brasil.
Passeios pela cidade ajudam a desmistificar o uso da bike no dia a dia aumentando o interesse do público, e um maior uso da bicicleta consequentemente aumenta o faturamento dos lojistas em todos os seus âmbitos de atuação.
O que isso indica para as bikes em 2023?
É crítica a necessidade de políticas públicas e iniciativas eficazes para as bikes como um todo.
Tanto que quando os lojistas foram perguntados sobre o que faria mais pessoas utilizarem a bike, houve uma dispersão maior por parte dos respondentes em comparação à 2021, por observarem que o uso da bike precisa ser acompanhado de melhorias em todos os âmbitos.
Seja na segurança pública, como na melhoria de estradas, rodovias e da oferta qualidade das trilhas nas cidades,
Uma estrutura abrangente de apoio precisa ser feita para aproximar o apaixonado pelo pedal do usuário ocasional da bicicleta, entendendo os tempos atuais que necessitam apoiar os entregadores que utilizam da bike para gerar renda para si e para as empresas.
Vontade política que traga ao país iniciativas observadas em países da Europa, reduzindo o descompasso que testemunhamos para o incentivo da mobilidade ativa e de maior acesso ao lazer.
Em outras palavras, um plano de ação que transforme as cidades em ambientes cada vez mais livres e convidativos para a bike e seus apaixonados.
Agora, confira abaixo o podcast especial da Aliança Bike comandado por Álvaro Pacheco (podcast Gregario Cycling), onde os pesquisadores Victor Callil e Daniela Constanzo debatem com Daniel Guth (Aliança Bike) sobre as perspectivas apontadas pela Pesquisa Anual do Varejo da Bicicleta de 2022.
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